Desde há muito, por causa do défice excessivo, do fraco poder de compra, da mentalidade e da falta de empreendorismo dos portugueses, que se tenta por aí encontrar o verdadeiro culpado do actual estado. estado que não é capitalista, muito menos comunista... é o estado a que chegamos!
No parlamento, quase diariamente, os deputados da nação "vomitam" argumentos atribuindo a culpa, consoante a sua cor partidária, ao anterior governo sustentado pelo partido adversário. Conversa de inúteis... perdem tempo!
Outros recuam á génese da nação (qual nação?), por forma a encontrar o responsável máximo. Muitos atribuem por isso a culpa do actual estado das coisas a D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal! Eu próprio, por diversas vezes, já o afirmei:
"desde que se formou a empresa Afonso e Cia. Lda., isto nunca mais foi o mesmo"!
Deste ponto de vista teremos contudo de recuar alguns anos, mais de 200.
De acordo com tradições registadas no século X,
Hermenegildo Guterres, sogro do rei Ordonho II das Astúrias, usava já o título de conde de Portugal e Tui. Ora foi este mesmo conde que em 878 "povoou" Coimbra. Escreve por isso António José Saraiva no livro "A Cultura em Portugal",
..."parece concluir-se que as ambições do conde de Portugal se estendiam bem longe, ao norte e ao sul do Douro, do Minho ao Mondego, e isto dois séculos antes do conde D. Henrique..." (supostamente pai de D. Afonso Henrqiues. Supostamente porque a paternidade nunca foi comprovada, o que explica muita coisa).
Devo esclarecer aqui que ao contrário do que muitos acreditam e do que se ensina, nunca os mouros exerceram total domínio sobre a Península Ibérica. Marcaram presença, é certo, mas de acordo com diversos historiadores, a situação do território entre Minho e Mondego, por exemplo, era muito obscura. Durante a ocupação árabe permaneceram tradições dos povos anteriormente estabelecidos e a população muçulmana, altamente influenciada pelos cristãos revoltava-se frequentemente contra os superiores arábicos! A sul do Mondego a história era (e é) outra como bem sabemos. Voltemos contudo ao essencial...
Hermenegildo Guterres, o tal conde de Portugal no final do século IX, já ambicionava a constituição de uma nação única entre o Minho e o Mondego. Ao fim de alguns anos, entre guerras com mouros, com o Reino das Astúrias e por fim com o Reino de Leão, nobres cristãos das terras "portugalenses"(ou portucalenses), descendentes do conde
Hermenegildo Guterres, encontraram na figura de D. Afonso Henriques, o "líder" necessário para combater o domínio do Reino de Leão sobre as suas terras. O Afonsinho do condado lá conseguiu derrotar a sua mãe D. Teresa apoiada pelo amante galego Fernão Peres de Trava.
D. Afonso Henriques conseguiu concretizar, em pleno, as ambições territoriais e independentistas de
Hermenegildo Guterres. Este conde do século IX foi o primeiro pensador de uma nova nação ibérica, atlântica, independente dos restantes reinos cristãos da península. Portugal seguiu o seu caminho e a sua história com base nos ideiais de
Hermenegildo Guterres. É caso para dizer:
-A culpa é do Guterres!(E assim se bloga e estuda ao mesmo tempo)
Boa noite!