quinta-feira, julho 14, 2005

Encontrei o culpado!

Desde há muito, por causa do défice excessivo, do fraco poder de compra, da mentalidade e da falta de empreendorismo dos portugueses, que se tenta por aí encontrar o verdadeiro culpado do actual estado. estado que não é capitalista, muito menos comunista... é o estado a que chegamos!
No parlamento, quase diariamente, os deputados da nação "vomitam" argumentos atribuindo a culpa, consoante a sua cor partidária, ao anterior governo sustentado pelo partido adversário. Conversa de inúteis... perdem tempo!
Outros recuam á génese da nação (qual nação?), por forma a encontrar o responsável máximo. Muitos atribuem por isso a culpa do actual estado das coisas a D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal! Eu próprio, por diversas vezes, já o afirmei: "desde que se formou a empresa Afonso e Cia. Lda., isto nunca mais foi o mesmo"!




Deste ponto de vista teremos contudo de recuar alguns anos, mais de 200.
De acordo com tradições registadas no século X, Hermenegildo Guterres, sogro do rei Ordonho II das Astúrias, usava já o título de conde de Portugal e Tui. Ora foi este mesmo conde que em 878 "povoou" Coimbra. Escreve por isso António José Saraiva no livro "A Cultura em Portugal", ..."parece concluir-se que as ambições do conde de Portugal se estendiam bem longe, ao norte e ao sul do Douro, do Minho ao Mondego, e isto dois séculos antes do conde D. Henrique..." (supostamente pai de D. Afonso Henrqiues. Supostamente porque a paternidade nunca foi comprovada, o que explica muita coisa).
Devo esclarecer aqui que ao contrário do que muitos acreditam e do que se ensina, nunca os mouros exerceram total domínio sobre a Península Ibérica. Marcaram presença, é certo, mas de acordo com diversos historiadores, a situação do território entre Minho e Mondego, por exemplo, era muito obscura. Durante a ocupação árabe permaneceram tradições dos povos anteriormente estabelecidos e a população muçulmana, altamente influenciada pelos cristãos revoltava-se frequentemente contra os superiores arábicos! A sul do Mondego a história era (e é) outra como bem sabemos. Voltemos contudo ao essencial...
Hermenegildo Guterres, o tal conde de Portugal no final do século IX, já ambicionava a constituição de uma nação única entre o Minho e o Mondego. Ao fim de alguns anos, entre guerras com mouros, com o Reino das Astúrias e por fim com o Reino de Leão, nobres cristãos das terras "portugalenses"(ou portucalenses), descendentes do conde Hermenegildo Guterres, encontraram na figura de D. Afonso Henriques, o "líder" necessário para combater o domínio do Reino de Leão sobre as suas terras. O Afonsinho do condado lá conseguiu derrotar a sua mãe D. Teresa apoiada pelo amante galego Fernão Peres de Trava.
D. Afonso Henriques conseguiu concretizar, em pleno, as ambições territoriais e independentistas de Hermenegildo Guterres. Este conde do século IX foi o primeiro pensador de uma nova nação ibérica, atlântica, independente dos restantes reinos cristãos da península. Portugal seguiu o seu caminho e a sua história com base nos ideiais de Hermenegildo Guterres. É caso para dizer:

-A culpa é do Guterres!


(E assim se bloga e estuda ao mesmo tempo)

Boa noite!

8 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Mas depois pôs-se a andar para a "internacional cruzadista", sob pena de deixar o condado num pântano. Mais tarde foi nomeado alto cruzado dos templários unidos.

11:34 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Blogar e estudar em simultâneo - aí está uma verdadeira sinergia...

4:40 da tarde  
Blogger António Conceição said...

Qual sinergia, RPS.
Trata-se é de uma janela de oportunidades.

6:45 da tarde  
Blogger [João M. Gonçalves] said...

Não estou convencido. Para mim a culpa é mesmo de um tal Alfonso Henriquez...

7:07 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

para mim a culpa ou é uma grande vaca ou é um grande coirão pq morreu solteira!

10:23 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A culpa é nossa

4:05 da tarde  
Blogger Didas said...

Também com esse nome...

10:17 da manhã  
Blogger Migas-o-Sapo said...

É bem visto, nunca tinha pensado numa teoria destas mas é bem visto sim. Ainda assim, acho que a culpa é relativamente mais recente. Há quem diga: Salazar. Tretas, a crise já existia, e muito pior, antes. Outros: O esbanjamento do ouro do Brasil. Nem por isso, às custas de grandes contenções de despesas, leis de pragmáticas, aplicação das sesmarias no Brasil (que ainda hoje dá uma dor de barriga a esses brazucóides da treta) e distribuição de terras pela população, entre outras medidas, a Raínha Dona Maria I conseguiu acabar com a gigantesca dívida que os seus dois extravagantes antecessores tinham acumulado e ainda mandou fazer imensas obras de beneficiência ao país. Nos finais do século XVIII o país era próspero, pacífico e com contas tão estáveis como não se via desde o tempo de Dom Pedro I. Os problemas sim começaram com a Campanha do Rossilhão, que provocou a Guerra das Laranjas e a Guerra Peninsular (cujas três invasões francesas arruinaram o país), às quais se sucedeu a independência do Brasil, a Guerra da Sucessão, a Guerra do Remexido, a Revolta da Maria da Fonte e a Guerra da Patuleia (o último grande conflito fracticida português) e uma infindável sucessão de golpes e contra-golpes de Estado, tudo isto em mais de 50 anos que deixaram Portugal arrasado de modo irremediável. A Regeneração foi só um pequeno vir à superfície. Logo foi a crise do fim da Monarquia; a desastrosa Primeira República, cheia de guerras e golpes; o Estado Novo, que trouxe a ordem e a paz à custa da repressão; no seu final a terrível Guerra Colonial; a Terceira República, conturbada e instável e cheia de tirânos que se protegem com o "direito democrático" para fazerem o que lhes apetece, como o Senhor Escavacado e a sua pandilha. Ou seja, a culpa tem sido dum acumular constante de problemas por resolver e circunstâncias desfavoráveis mas os pais de toda a culpa são, a saber:
- os franciús que fizeram a Revolução
- os Ingleses, que aliciaram e pressionaram D. João, Príncepe Regente que depois veio a ser o rei D. João VI mas que entretanto assumira o governo por incapacidade mental da mãe, como é sabido, a entrar numa querela idiota que não dizia respeito a Portugal
- o dito Regente e depois Rei, porque toda a vida foi um incapaz e se deixou manipular com relativa facilidade.
A culpa não morre solteira e aqui até temos uma "ménàge à trois".

10:38 da manhã  

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