Na sequência do meu último post, fui apelidado de bairrista e acusado de nutrir um ódio infundado por Lisboa. Se por um lado compreendo a expressão bairrista, a acusação de nutrir ódio por Lisboa, sinceramente, não deixa de me surpreender!
Embora não me sinta obrigado a fazê-lo, e apesar de considerar dispensável, julgo por bem deixar aqui alguns esclarecimentos:
Um indivíduo bairrista é aquele que defende entusiasticamente os interesses da sua terra natal sobrevalorizando-a às demais. Considerando que, relativamente a Lisboa, a cidade do Porto é, de facto, melhor, mais bonita, mais hospitaleira, mais genuína (e mais à frente passo a explicar o porquê da genuinidade do Porto em relação a Lisboa) e de ambiente mais caloroso, considero-me pois bairrista, uma vez que defendo verdades irrefutáveis. Aliás tenho todo o direito de o defender...
Quanto ao facto de nutrir ódio infundado por Lisboa... já há muito tempo que não me dirigiam uma acusação tão descabida. Em nenhuma linha do anterior post manfestei ódio por Lisboa. Limitei-me a constatar factos que devidamente classifiquei como incompreensíveis ao gene tripeiro. É o mesmo que um lisboeta considerar que o facto de eu proferir seis palavrões numa frase de sete palavras não ser a forma mais adequada de estabelecer comunicação. Compreendo... mesmo que considere tal opinião um tique abichanado.
Devo pois aqui sublinhar a diferença entre bairrista e provinciano.
Provinciano (ou parolo mesmo) é, na minha opinião, aquele que se deslumbra com terra alheia, que nega as suas raízes, seja ele de onde for... mesmo que natural do Porto. E é neste ponto que passo a explicar a genuinidade do Porto:
Não é a minha cidade que conta na maioria dos seus habitantes com pessoas provenientes de outras regiões. Não é a na minha cidade que as pessoas têm vergonha de revelar a sua proveniência, tudo fazendo por se afirmarem como naturais do local onde habitam. Não é o Porto que está infestado, há gerações, de parvos alentejanos, transmontanos, beirões e até durienses (sem desprezo pelas regiões citadas) que são os principais responsáveis pela velha e imbecil máxima - "Portugal é Lisboa e o resto é paisagem"! Quem me conhece sabe que é a essa gentalha que habitualmente apelido de alfacinhas. Ainda assim, devo sublinhar que a forma de ser e de estar dos lisboetas genuínos me provoca um certo "prurido cutâneo"( ao contrário de Lisboa, é raro encontrar no Porto alguém que conhece intimamente o actor x ou a actriz y ou que habitualmente janta e conhece os primos do apresentador de televisão z, mesmo que nunca os tenha visto pessoalmente).
Reafirmo que não sinto qualquer tipo de ódio por Lisboa. Não sou daqueles que defendem que o país deveria ser dividido. Se assim fosse o que seria de mim sem as reacções dos lisboetas à mínima provocação que lhes dirijo? Citando um habitual comentador de posts... é de estourar de gozo!! E aqui sublinho outra grande diferença entre um lisboeta e um portuense: a confiança em si mesmo...
À mínima provocação ou desdém sobre Lisboa, o lisboeta desespera, aponta o dedo ou tenta inverter a opinião manifestada sobre a sua cidade...
À mínima provocação ou desdém sobre o Porto, o portuense, mais confiante, responde com um simples:
- "Pensa o que quiseres... Quero mais é que tu te fodas!"