A minha reflexão
Goste-se, ou não, Cavaco Silva é o maior fenómeno eleitoral em quase 32 anos de Democracia (com a devida vénia à análise do amigo RPS). Dizer que 50,6% não é uma vitória expressiva é mau perder.
Continuo sem perceber o que os analistas entendem por capital político de Alegre. Os 20,7% arrecadados pelo deputado-poeta não passam de um fenómeno momentâneo. Alegre era a vítima da esquerda, o povo nutre especial simpatia pelas vítimas. Se, por hipótese, Alegre criar um novo partido ou um qualquer movimento que concorra a eleições, jamais alcançará tal percentagem.
O povo português não gosta de velhos. É o fim do Soarismo. Expressões ridículas como "vencedor moral" e "lição de civismo"... não valem.
Capitalizou em votos a simpatia. Não vale mais do que o PCP ou CDU. É um resultado normal em presidenciais. Carvalhas, enquanto candidato a Belém, também teve uma percentagem superior à votação no partido.
O duradouro epifenómeno Bloco de Esquerda começa a esmorecer.
Nem vencido nem derrotado. Cumpriu a sua missão. Proferiu a mais lúcida declaração após as primeiras projecções. Utilizar expressões como "acção golpista" e "anti-democrático", para criticar a dita esquerda... é de génio! Na minha freguesia, Garcia Pereira obteve 34 votos, o que supera a votação do MIC nas últimas autárquicas.
Sócrates está feliz. Tem o presidente que queria e o Soarismo acabou. Alegre, convencido do tal capital político, vai bater com a testa na parede. Sócrates tem o PS na mão e, definitivamente, vai virar o partido ao centro.
Marques Mendes está num beco sem saída. Com a anunciada cooperação entre Belém e São Bento não tem espaço para fazer oposição. Em condições normais será líder do PSD até às próximas legislativas.
10 Comments:
E vinha eu (a esfregar maliciosamente as mãos) para dizer que esperava uma reflexão sobre as presidenciais. E não é que cá está ela?
Está cá a reflexão e está tão bem feitinha!
Só acho exagero comparar Jerónimo a Carvalhas.
Carvalhas mais culto, mais jet-set, mas com aquela voz sibilada que dá cabo dele, lembra o som dos sermões do diácono Remédios. Jerónimo é o Povão, simples, animado, risonho, dançarino, genuíno e sabe dizer o que tem a dizer. A mim merece-me respeito e simpatia.
Sobre Cavaco, diria apenas que expressiva mesmo, seria a vitória dos 55 ou 56% que chegou a ser prognosticada.
Sobre o Alegre, 100 por cento de acordo.
Eu subescrevo. Literalmente.
1000% de acordo em relação a Alegre (em relação ao resto também, mas era mais óbvio). Alegre limitou-se a agregar votos de descontentes avulsos e difusos (um bocado como o PRD nos idos de 80). Mas é um voto contra alguma coisa, ou contra muitas coisas diferentes. Não é um voto a favor de nada.
Depois desta eleições, com os resultados que obteve, quanto vale Alegre?
Nada, evidentemente.
Erro crasso o ele, se julga o contrário.
A minha pergunta, para os insatisfeitos, é: por que não foram votar? Basta ver a pertentagem de abstenção... E de certeza que o primeiro ministro até rezou quanto à possibilidade de haver uma segunda volta entre Cavaco e Alegre. Quem é que ele iria apoiar? :)
Eis o Barbed Sensato.
Os políticos da esquerda foram carne para canhão nestas eleições. O Mário Soares por exemplo, perdeu a oportunidade de ter saído com dignidade da vida politica.
E o Manuel João Vieira?
Estou a ver... o Cavaco ganhou, este blog morreu...
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