sábado, setembro 17, 2005

K7



Fitas enroladas, gravações mal feitas com ruído de fundo, cortes absurdos, sobreposição de sons, fitas partidas! Consequência: stress, leitores avariados, ou propositadamente avariados com um soco de desespero.
É assim que a maioria recorda a utilização das cassetes.
Inventada em 1963 pela Philips, chegou ao mercado dois anos depois e rapidamente se tornou objecto essencial dos insaciáveis consumidores de música. Não só através dos registos oficiais mas sobretudo as cassetes-virgem, para gravação.
O pico da utilização da cassete deu-se no final da década de 80, altura em que as (ripping off) receosas discográficas alertavam para a pirataria, apontando a cassete como o mal que iria destruír a música (mal sabiam o que estava para vir).
Certo é que a cassete áudio representava o melhor veículo de divulgação musical, responsável pela criação de verdadeiros cultos de inúmeras bandas.



O conceito "mix tape", por exemplo, imortalizado por Nick Hornby no romance Alta Fidelidade, posteriormente recriado para a tela do cinema, consistia na compilação de temas criteriosamente seleccionados, muitas vezes em função do destinatário. A criação de uma "mix tape", era na verdade um momento de arte: selecção cuidada e coerente de temas, precisão no momento de pressionar as teclas de gravação. Era um processo moroso. Se a fita disponibilizava 90 minutos, a gravação, em tempo real, duraria certamente mais que essa hora e meia... e era com um ar superior com que se apresentava a obra de arte concluída.
Hoje não é assim. A cassete áudio morreu, praticamente. Hoje, como reflexo da sociedade em que vivemos, com vantagens e desvantagens, é muito fácil criar uma compilação, em CD, através do computador e sem perder muito tempo. Nem sequer é necessário correr para as lojas para adquirir um disco deste ou daquele músico. Tudo está à distância de um "click".
Eu, sinceramente, tenho saudades dos tempos em que se produziam essas obras de arte. Certamente, por essa razão, quando me pedem para elaborar uma compilação em CD ainda demoro alguns... bastantes dias a entregar. Certamente por isso ainda mantenho o leitor de cassetes no meu carro. Mesmo que me chamem de velha-guarda!

25 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E a verdade é que há qualquer coisa de estético nas K7s: a caixa, o nome das músicas na capa... Bons tempos!

2:30 da tarde  
Blogger Zé Clarmonte said...

Na verdade, nunca cheguei a experimentar esses rituais com as k7s, pois sou de criação mais recente. Contudo, agora fiquei com inveja de não ter nascido mais cedo. O mítico formato apenas pagou o preço da modernidade, não tinha capacidade de modernização e ficou para trás, como muitas outras coisas que sofriam do mesmo mal. É pena. Mas tem de ser.

5:21 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu não tenho saudades da K7, porque mantenho o leitor no carro e em casa e ainda por cima é nesse formato q tenho gravado uma certa banda emergente.
Tenho realmente saudades é do tempo em que tinha tempo para fazer compilações e gravações.
E em que escrevia os nomes das músicas, às vezes com indicação das rotações do início de cada música.
Fora, grande posta, e obrigado pelas compilações que fizeste e que ainda vou ouvindo, hehehe

6:04 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

é verdade! mesmos os da geraçao CD, ja tiveram o prazer de ouvir as compilaçoes fora. Grande qualidade de musica e feita com minuciosa e prazer. Parabéns!

6:20 da tarde  
Blogger Freddy said...

Ainda lhes dou mto uso...Coisas gravadas há mto tempo q gosto mais de ouvir em cassete q em cds...

Beijitos da Zona Franca

9:12 da tarde  
Blogger Didas said...

Ui! Como eu me lembro do diabo das cassettes!!!
E agora, shiuuuuuuu, é segredo... mas eu até me lembro dos velhos cartuxos!

10:59 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

200 (duzentas)!!! 200 (duzentas) são mais ou menos as cassêtas que ainda tenho!!! O que mais curto são as compilações que ia fazendo do que ia passando na XFM e nos programas do António Sérgio (Som da Frente e Hora do Lobo) Ainda tenho para lá também uns quantos programas do Ricardo Saló sobre Robert Wyatt (grande descoberta), sobre música de filmes (B.Hermann nos de Hitchcock ou Artemeniev nos de Tarkovsky), James Brown e os JB'S Horns, etc e tal e o camandro). Este ano confesso que tenho andado mais malandro para isso mas ainda não desisti! Um dia destes lá saíra nova compilação!

11:43 da manhã  
Blogger Barbed Wire said...

Boa Didas. Os cartuchos também eram uma moca!!!

12:10 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

ai não! eu às vezes estouro um cartucho e fico cá com um mocão!! mas tem que ser da boa!

12:33 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

mas claro, Barbed, as tuas compilações em cassete são um estrondo!
às vezes estou a ouvir uma música e penso: a seguir vem já aí a música "tal"...
mas não, a música "tal" só vem a seguir a essa nas Fora Sessions!

12:35 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu sei que não tem nada a ver, mas tenho de demonstrar a minha revolta, aproveitando a onda de saudosismo que paira um pouco por aqui... É que a 90.0, da Voxx, que, já se sabia, vai desaparecer, vai dar agora lugar à Rádio Cidade!!! Fogo!! Não há direito. Vamos deixar de ouvir as músicas que tínhamos nas K7 naquela estação!!! Bolas!!

3:54 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Citando Barbed Wire:

"(...) mesmo que me chamem de velha-guarda!"

És, mas acontece a todos...
As tuas compilações em CD também são uma moca!

4:06 da tarde  
Blogger Maria Heli said...

deixa chamar de velha guarda!
ainda há dias olhava, lá em casa, para uma poucas como se fossem (quase) objectos de culto!
E dei com uma, gravada com a mesma musica de um lado e do outro, repetidamente. Tinha 16 anos...

5:01 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

quem?? a cassate, a música ou tu??

5:26 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

isso de ele se intitular "velha-guarda" é um auto-elogio...

5:27 da tarde  
Blogger Barbed Wire said...

Já agora Maria Heli, qual é a música!!

Achas everything?

5:38 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A primeira coisa que o Barbed me disse no dia em que nos conhecemos, mostrando-me uma k7 a 10 cm dos meus olhos, foi: "Pixies, conheces?"

8:32 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Hei, Candy !!! Caíste na esparrela só com isso?...

9:51 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Where was your mind, Candy?...

10:29 da manhã  
Blogger Maria Heli said...

Tens a resposta no blog, Barbed!
Obrigada por teres perguntado. Foi uma excelente recordação.

Eu, evrything, eu é q tinha 16 anos, caro Clemêncio Mega-byte! :)

2:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu também ainda guardo o meu leitor de K77!
Tá mto bom o post.

W.

2:32 da tarde  
Blogger Periférico said...

Primeira vez que aqui venho seguindo a dica da Maria heli, e pelo que li não será certamente a ultima visita;-)!

Perdi conta as compilações que fiz em K7, lembro ainda era do rigor e exigência que punha em cada uma das passagens duma músicas para outra.

Conservo ainda algumas dessas preciosidades, "obras primas", algumas fruto de não sei quantas horas de elaborada dedicação.

Quando li anos mais tarde o alta-fidelidade do nick hornby não pude deixar de me identificar.

Que boas memórias musicais me fizeste recordar!

Um abraço

5:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Periférico,
Fizeste com que lembrasse a K7 mais tecnicamente complicada que já fiz e apenas com um deck duplo e sem mesa de mistura: 1 lado e meio de uma k7 de 60 só com solos de guitarra (e 2 de bateria: Eric Carr e John Bonham)... hehehe... que saudades de ter tempo p essas merdas.

7:24 da tarde  
Blogger estação terminal said...

.. e passar horas colado na radio a espera da tal musica para gravar.A e a javardice que daí saía... A custa disso ainda tenho um jingle da XFM.

1:04 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Primeiro comment aqui,trazido pelo post da Maria Heli (olá Maria, esta semana julguei que te ia vez no Dolce Vita, mas não, snif...). Mas a casa já era conhecida por via do RPS.
Fabuloso post este, embora um coche saudosista. Também eu gastei mais uma pipa de massa no carro para ter leitor de cassetes no caro.Também eu tenho orgulho nas compilações que gravei,como se fossem imaginários programas de rádio. Mas, agora, nem consigo atinar com maneira de ouvir o programa do José Nuno Martins aos Domingos (o meu heroi máximo em questões radiofónicas)quanto mais gravar o programa. Acho que já nem tenho gravador ou está avariado há anos, o que é o mesmo.É nestas alturas que um gajo se sente velhote.

4:40 da tarde  

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