quinta-feira, setembro 08, 2005

Generation Gap

Restaurante, à beira-mar, algures em V.N. de Gaia. 20h e alguns minutos.
Só duas mesas ocupadas, sossego quase absoluto, apesar de alguma desconfiança ao olhar para uma mesa reservada para mais de vinte pessoas - ... "vem aí um matagal de gente para comemorar qualquer merda e não estou com paciência para os aturar"... - pensei eu.
Mais alguns minutos e observo cerca de duas dezenas de adolescentes que se aproximam da mesa reservada - ..."pronto, acabou o sossego, vai começar a histeria"...
Os púberes, não teriam mais de quinze, dezasseis anos. Todos com roupinha de marca, cabelinho direitinho como quem vai para a "comunhão" e de telemóvel na mão. Sentam-se sossegados, sussurram entre eles... nada de gritarias, nada de patetices típicas da adolescência - ..."estranho"... - pensei. Fantas e coca-colas são requisitadas para a mesa (isto não é uma crítica, é uma constatação. Eu também não bebo álcool... às refeições).
Ao contrário do que eu próprio poderia imaginar, aquele cenário acabou por ser mais irritante do que a normal "patetada adolescente".
Observo-os melhor. Apercebo-me do estranho comportamento que evidenciam. Parecem adultos em corpos ainda por desleitar. Parece que querem preservar um estatuto de que não gozam.
Então e a rebeldia? Não há? O que induz este estranho comportamento na adolescência que parece querer crescer à força?



Certamente estes adolescentes têm como modelo os seus progenitores, ou seja, os trintões perto dos quarenta, e os quarentões. Sim... essa geração que cresceu com um único objectivo: alcançar um estatuto e que, hoje em dia, tenta evidenciar esse estatuto mesmo que não o tenha. A geração que teve todas as oportunidades na adolescência com a mudança de regime, que desfrutou da maior abertura do mercado de trabalho, mais do que qualquer outra geração. Em suma, a base do imbecil "novo-riquismo" português (claro que há excepções e eu conheço inúmeros exemplos).
É um mau sinal. A evolução faz-se com o confronto de ideias, com o choque de gerações, com a "ousadia" de questionar modelos que tentam impôr e não com a cópia de modelos imbecis.
Eu faço parte de uma geração perdida no tempo, nascida no pós-revolução a que um dia chamaram rasca... ainda bem!

Nota: o Virtualmente Irreal Top sai hoje!

22 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ó Fora, tás fodido!
O que tu querias era mostrar a tua irascibilidade.
Como não te pudeste irritar com eles por serem barulhentos, irritaste-te por serem caladinhos.
Em suma, eram muitos.... bfffff.. que merda, já me vieram estragar o jantar...

11:17 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Talvez Fora ande zangado com ele próprio e com o mundo. E depois zanga-se com tudo. É o stress do quotidiano urbano.

11:34 da manhã  
Blogger Barbed Wire said...

Sempre o mesmo cabrãozinho anónimo...

11:38 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Essa da geração rasca, já mete um pouco de... nojo!Os putos de hoje e muitos já n tão putos quanto isso, podem ser menos barulhentos, mas tão prontos a levantar a voz por razões nobres como as da geração anterior... Agora, os adultos (outrora putos rasca) é que já se tornam demasiado barulhentos e fodidos de aturar...deve ser a velhice!

12:19 da tarde  
Blogger Barbed Wire said...

Melindrada slm? Nunca pensei!

12:43 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Quando se fala em gerações... fala-se de muita gente. Eu cá não me lembro de nada de verdadeiramente relevante que as gerações dos últimos 20 anos tenham feito, criado, transformado! Mas não sei... se calhar não andei por cá!

12:55 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

São uns conas!!!

Para uma abordagem mais séria, vou enviar-te, por mail, um texto que costumo utilizar...

2:05 da tarde  
Blogger Didas said...

Porque será que todos temos a mania que os outros é que tiveram as oportunidades todas? Porque é que temos todos (eu incluída) tanta tendência para a facilidade da generalização? É uma merda.

2:05 da tarde  
Blogger Zé Clarmonte said...

Primeiro devo explicar que a minha geração situa-se algures entre o limite da rasca e antes da gerção SMS. Sou daquele tipo de pessoas que na infância jogou tanto Spectrum como ao pião e ainda bem que assim foi. Misturamos os últimos resquícios da rebeldia das gerações anteriores com alguma da consciência social que hoje atinge prematuramente a juventude. E tenho que concordar com o Farpas. Vejo com muita pena os jovens perderem-se em Playstations e suminhos de laranja em vez de os ver correr entusiasmados atrás de uma bola ou uma grade de minis. Hoje em dia parecem todos uns anjinhos, com pulseiras que dizem Drogas.Sem, não bebem álcool e dizem "Não" ao tabaco. Não acho que seja uma postura errada, acho sim que sou um sortudo por ter tido a adolescência que tive (e faço questão de a prolongar). Fico, sim, triste por ver que os jovens hoje já nascem velhos.

2:26 da tarde  
Blogger [João M. Gonçalves] said...

Porra... mas onde raio vivem vocês? Os adolescentes aqui onde moro e nas cidades / vilas por onde tenho passado são tanto ou mais barulhentos e tanto [ou tão pouco?] irreverentes como os da minha "geração" [se há conceito que não consigo entender é este...]; são certamente igualmente inconsequentes.
Barbed, isso era só um grupinho de queques, ou lá como é que lhes chamam agora, espécie que não serve de retrato dos adolescentes portugueses.
E, para finalizar, já alguém reparou que as miúdas actualmente dizem "palavrões" [f***-se e c*****o, essencialmente] com mais frequência que os putos e sempre aos berros. Deve ser alguma nova forma de afirmação feminina...

4:22 da tarde  
Blogger Barbed Wire said...

Palavrões? Isso é a coisa mais normal por estas bandas. E podes escrevê-los à vontade que aqui não há censura e ninguém fica melindrado. Palavrões por aqui é sinónimo de pontuação caralho (percebeste o ponto final?)
Voltando ao assunto em questão... eram de facto betinhos, ou lá o que é, mas que são cada vez mais lerdinhas por causa dos papás, isso parece-me evidente!

6:34 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A revolução pode nascer do silêncio!!!!

7:07 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Diz lá se não gostas de betinhas...

7:10 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A minha geração foi criada sem facilitismos, tinhamos o que nos podiam dar. A maioria dos pais de hoje tem um nível de vida superior aos nossos e criam verdadeiros imbecis á imagem deles, envoltos numa arrogância em que só a aparência e status contam.
A minha geração juntava-se em casa deste ou daquele para ouvir música, fumar uns cigarritos, beber umas garrafitas, enfim tudo pelo convivio, era um luxo ter dinheiro para sair á noite, para não falar das corridas para o último autocarro quando saíamos, porque os paisinhos não nos iam buscar.
Hoje parece uma feira das vaidades sejam betinhos ou gunas, porque de uma maneira ou de outra todos vestem marcas, andam com dinheiro no bolso e só têm merda na cabeça.

Já agora, que grande posta...à mirandesa.

8:42 da tarde  
Blogger Zé Clarmonte said...

"Palavrões por aqui é sinónimo de pontuação caralho"... Sem dúvida um bom homem do norte, foda-se! Sou alentejano e morei muitos anos nesse território. Os palavrões foi um vício que ainda hoje, apesar de ter voltado às planícies raianas, não consegui largar.

8:45 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Barbed Wire parte de um pressuposto errado: o de que as diferentes gerações são diferentes umas das outras.

Há gerações, claro. Mas são todas muito, muito, muito iguais umas às outras.
E em cada geração repetem-se os mesmos grupos, as mesmas tribos.
E as mesmas pessoas mais acantonadas a uma tribo e as outras mais abrangentes e versáteis.

O que muda são os tempos.
Os humanos são todos iguais em todos os tempos.

Barbed Wire deparou-se com um grupo de gente diferente do grupo dele. Apenas e só.
Há gente daquela de todas as idades.
E Barbeds de todas as idades.

10:48 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Hoje saí de casa e tínhamos sido invadidos por Barbeds...

11:19 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

eu apetece-me dizer 2 coisas:

-eles começam assim e acabam a não ir à Sinagoga!

-era um grupo de gente diferente do teu grupo (ainda bem, não é?) mas antes assim que gunas!

-tb acho que este tipo de putos com vontade de parecer cotas está a aparecer mais. mas sem dúvida que é coisa que começou na capital. lembras-te da nossa passagem de ano?? pingarelhas de 12 anos como se tivessem 35... até mete impressão!

11:55 da tarde  
Blogger Barbed Wire said...

"O que muda são os tempos.
Os humanos são todos iguais em todos os tempos."

Caro rps,
Isso é o que se vê agora. De facto, e insisto, os papás de hoje tentam criar putos à sua imbecil imagem! Aí é que está o mal.
Eu questionei modelos, tu certamente também o fizeste. Vês algum puto a contestar alguma coisa hoje em dia? Nada... zero!

8:35 da manhã  
Blogger Didas said...

Contestam pois! O último modelito das vans que nunca mais chega!

3:40 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

é verdade, nunca mais chega o último modelo de jeito da vans!

4:28 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Candy: uma vez mais a partir esta merda toda (com pontuaçao correcta)

4:01 da tarde  

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