Avenida dos Aliados

Não costumo alinhar nas opiniões dos "eco-chatos"(ambientalistas), cuja habitual flatulência cerebral merece, quase sempre, o meu desprezo.
Desta vez, no entanto, concordo com a posição da Campo Aberto, uma Organização Não-Governamental de Ambiente, sobre o projecto de "requalificação" da Avenida dos Aliados, assumida na edição de hoje do diário Público. No artigo "A nova Avenida dos Aliados - um presente envenenado" a dita organização apresenta sete argumentos contra o projecto de remodelação dos Aliados dos quais sublinho os seguintes:

- o uso exagerado do granito, agravado pela ausência de arborização na placa central da Praça da Liberdade, que irá conferir um ar soturno a todo o conjunto e potenciar situações de desconforto térmico em dias de calor (já notório noutros locais da cidade sujeitos a tratamento semelhante).

- a supressão, como já aconteceu na Praça da Batalha, da calçada portuguesa, que, além de embelezar o pavimento e ser uma marca da nossa fisionomia urbana que importa preservar, é no presente caso especialmente valiosa, exbindo um conjunto de raros e expressivos desenhos alusivos à produção do vinho do Porto.

- as facilidades concedidas ao automóvel, com a manutenção de três vias de rodagem em cada sentido e dos atravessamentos na placa central, o que é uma atitude incompreensível face ao passado investimento na rede de metro e torna o centro da avenida, que se quer um passeio público animado de vida, numa ilha rodeada de trânsito intenso.

- o bizarro capricho de rodar 180 graus a estátua equestre de D. Pedro, obrigando-o a dar as costas, 170 anos depois, ao inimigo que tão garbosamente enfrentou durante o histórico cerco do Porto.




Resta acrescentar que nem só de Sizas e Soutos Mouras vive o país...